O olhar de
P. não se conjugava com suas intenções
Enquanto ele
caminhava com suas sandálias de Apolo
Alguns
olhares disfarçadamente jamais o abandonavam
E P. sorria
distraído e feroz
Distribuía
sorrisos a torto e a direito
Mas não
marcava nenhum com seu desejo
Onde
poderiam situar-se então suas esperanças
Ele
caminhava sério com suas sandálias gregas
Seus pés
sempre seguidos por outros insaciáveis
O que
conseguiam falar sobre ele era pouco
Mistérios
que não pretendia ter esclarecidos
P. em alguns
momentos adoece de enxaqueca
Dorme e
todos se preocupam quando ele dorme
Ele observa
outros homens movimentarem-se
O reflexo
dos músculos em seus olhos...
P. talvez
saiba demais sobre os mecanismos da máquina
Do humano,
seu forte desinteresse pela psicologia
As pessoas
que ousa amar são diferentes (os perseguidos)
Difícil
descobrir com que P. sonhava
Se com rios
de dinheiro, se com palavras amenas
O que ele
demonstrava era apenas vertigem
De outra
espécie eram os fatos que o surpreendiam (até)
Mesmo seus
desejos abcessos não o aborreciam
Ele
circulava por entre homens como serpente
(A sedução)
era sua arma ausente
Seu corpo
era um campo inexpugnável
As dinamites
que explodiam por sobre ele
Abriam zonas
de saboreamento e de morte
Ele dançava
com garras feito escorpião (animal)
Desejar era
morrer junto com o desejado
P.
distribuía olhares a torto e a direito
E os que
imaginam cair em sua armadilha
Morrem
desgraçados em eterna ilusão
Ele saboreia
do próximo alheio o sofrimento
Gozando,
desvairado com sua própria desaparição
P. domador
de leões...

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