I
Sinto o
desespero
Invadir-me
aos poucos
Longe do
tudo que me completaria
Mergulho no
nada de mim mesmo
Flutuo entre
coisas esperadas
Um beijo, um
abraço, uma palavra
Apavora-me o
distanciamento das coisas
Câncer que
percorre carne marcada
O amor, o
derradeiro amor
O último um
dia prometido
E que agora
invade todos os poros
De um corpo
que passa do tempo
E longe de
cruzar oceanos
Em busca da
pessoa adorada
Espero seu
assédio em meu canto
Torcendo por
um alô de sua parte
E reparto-me
em cores que são
Máscaras e
disfarces do que posso ser
O mundo é
perigoso por si mesmo
E caminhamos
entre destroços humanos
Ídolos que
se suicidam em seu insuportável
E nossos
romances rompidos por um dia
Se buscamos
abrigo em felicidade alheia
Quão frágil
poderá ser nosso triunfo!
Como galgar
montanhas de ignorância?
Como poder
ser em meio à turbulência...
Eu busco e
não encontro o que me possa
Fazer-me
sentir o que um dia puder ser
Metafísica por
demais cruel e idiota
A de tentar
ser o que o outro é
Esse outro
que não tem obrigação alguma
De responder
a nossos tolos desejos
E longe do
gozo sempre esperado
O tempo-todo
cavalgamos cavalos selvagens
II
E prontos
para o entendimento supremo
Onde a
vontade jamais subjuga a razão
Pensamos poder
moldar nossa existência
Longe de
exato sofrimento
E pensamos
de alguma forma o seguinte:
O que um
homem pode amar em outro
Homem é o
simples sofrimento
O que uma
mulher pode amar em outra
Mulher é o
puro saber
O que um
homem pode amar em uma
Mulher é o
nada absoluto, o buraco
E completamos
nossa cadeia de pensamento
Que nada
impede à razão de sucumbir
Em algum
momento à vontade
Em que o
ápice disso seria o suicídio
(de Ian
Curtis, de Kurt Cobain, o nosso próprio...)
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