quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Esperando Z.

I
Sinto o desespero
Invadir-me aos poucos
Longe do tudo que me completaria
Mergulho no nada de mim mesmo
Flutuo entre coisas esperadas
Um beijo, um abraço, uma palavra
Apavora-me o distanciamento das coisas
Câncer que percorre carne marcada
O amor, o derradeiro amor
O último um dia prometido
E que agora invade todos os poros
De um corpo que passa do tempo
E longe de cruzar oceanos
Em busca da pessoa adorada
Espero seu assédio em meu canto
Torcendo por um alô de sua parte
E reparto-me em cores que são
Máscaras e disfarces do que posso ser
O mundo é perigoso por si mesmo
E caminhamos entre destroços humanos
Ídolos que se suicidam em seu insuportável
E nossos romances rompidos por um dia
Se buscamos abrigo em felicidade alheia
Quão frágil poderá ser nosso triunfo!
Como galgar montanhas de ignorância?
Como poder ser em meio à turbulência...
Eu busco e não encontro o que me possa
Fazer-me sentir o que um dia puder ser
Metafísica por demais cruel e idiota
A de tentar ser o que o outro é
Esse outro que não tem obrigação alguma
De responder a nossos tolos desejos
E longe do gozo sempre esperado
O tempo-todo cavalgamos cavalos selvagens
II
E prontos para o entendimento supremo
Onde a vontade jamais subjuga a razão
Pensamos poder moldar nossa existência
Longe de exato sofrimento
E pensamos de alguma forma o seguinte:
O que um homem pode amar em outro
Homem é o simples sofrimento
O que uma mulher pode amar em outra
Mulher é o puro saber
O que um homem pode amar em uma
Mulher é o nada absoluto, o buraco
E completamos nossa cadeia de pensamento
Que nada impede à razão de sucumbir
Em algum momento à vontade
Em que o ápice disso seria o suicídio
(de Ian Curtis, de Kurt Cobain, o nosso próprio...)

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