terça-feira, 29 de outubro de 2013

O enforcado

Não se veem mais olhos como os de capitu
Por que não se veem?
Talvez porque não hajam mais orgias
De latim como as de Bentinho!
E os sonhadores, por onde andam?
E os malabaristas e seus livros?
Por que desaparecem da face do mundo
As coisas mais interessantes?
Ainda as orgias de latim e a
Virgindade de certos homens
O que decidir frente a um dilema
Entre o sorvete e a goiaba
Entre o pau e a pedra
Homens indecisos mundo indeciso
Entre o latim e o olhar de Capitu
Um dilema corre pelas veias
D´Assis ofuscando mentes vagueantes
E corpos seculovinteanos
Mas por que gozar de corpo alheio
Se temos nosso próprio corpo?
Caverna iluminada por fachos de luz
O homem nasce e morre fedendo
A ócio, bócio, decrepitude e sandice
São elementos de um estilo?
Frases que ouço e vou aceitando
Compondo meu próprio bestiário
Os homens cercam seus ideais com arame farpado
Porcos transpassam-no, mas apenas porcos são
Eu choro, eu grito, mas o que perdi perdi
Recupero nas águas do lago algo de mim mesmo
Mas não é o suficiente para deixar-me em pé
Envelhecem os homens à sombra de si mesmos
Creem ser felizes com pastilhas na mão
Usam dinheiro de plástico em lojas
Que lhes dão em troca puras ilusões
O encanto que me apraz não atinge o outro
Movimento único e composto de tudo
No brilho de uma faca, no frasco de veneno
Não, outra escolha pode ainda ser feita
O sul e o norte de uma corda no pescoço


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