domingo, 13 de outubro de 2013

Caras e caras

Cáustico semblante que se avizinha
Monte de pelos que assustam a criança
Caras e mais caras que ressituam
Outras caras um dia vistas
Outros sons que saem de bocas
Dentes e mais dentes apodrecidos
Emarelecidos e não escovados
O chumaço negro despontando no nariz
Caras e mais caras que assustam a criança
Boca torta e disforme
Nariz agudo e persecutório
Queixo em forma de nau em movimento
Cores e mais cores que se repartem no fim
Orelhas que já não protegem mais o som
Olhos esganados pelo já visto e
E jamais esquecido pela re-retina
Babas que saem junto com palavras
De bocas que jamais souberam o calado
Caras e caras, os passeantes olham
A cabeça grande e redonda e vazia
A testa lisa e pungente
Caras e mais caras de cidadãos comuns
Onde então o sofrimento mora?
No corpo, nos órgãos do corpo
Onde os anos carimbam o tempo gasto?
No corpo, nas margens do corpo
Onde a escuridão corre seu medo?
No corpo, na superfície da carne
Onde? No corpo? Já? Morte!
As caras e mais caras enterradas
Em madeiras apodrecidas e comíveis
Fatos que ficam de sons mortais

Caras e mais caras de papel amarelo.

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