Baixo luar
em um sonho ateu
Brilho então
quase escuro e perverso
Coube uma
língua doce e úmida
O canto
sonoro do que foi em vão
E as moças
que pousam desnudas
Marcam o
compasso da destruição
Do tempo
contado e repetido por bocas
Salivas que
cospem e enternecem o moço
Monstros,
Kripke, sonho no meio das pernas
Agora voo
raso rumo a montes de cristal
Reflexo reto
de olho em baixo de outro
Pasmo, para,
mata e vomita
Claros risos
que se metem na estrada
Voluptuosas borboletas
mascaradas
Néctar,
nácar, soluções de bruxas antigas
Atingem coração
frio e sinistro quando
A pulsar nos
jatos andorinhas assassinas
Monstros,
Kripke, caos, Castro Alves
Um dia, um
sonho que se encerra
Outro dia,
vida pura e ela mesma
De um si a
outro si – o mundo
Vontade encoberta,
cheia e marginal
Vestir capas
fabricadas por artista
Ouvir um disco
pop mimetizado
Soar o nariz
e deixar o sangue escorrer
Lamber como
vampiro e saciar a sede
O campo
abre-se à mente do tradutor
Cavalos empinam
em montes de plantas
Na cidade
que parou no tempo
Um personagem
com lispectoriose
A melancolia,
a tristeza, a angústia
Invadem mundo
e lispectorizam o total
Param,
pensam, logam em cima de olhos
Olhos que
não veem mas sentem o pulsar
Ah, como é
bom o mijo quente sobre as pernas
Como é bom
esperma na palma da mão
E o cabelo
do loiro esvoaça aos ventos
E o carro
para em velocidade máxima
E o sonho
apaga-se e o sono termina
E o canto
triste da sereia inocente
Não seduz
ainda os ouvidos de Ulisses
E o pneumotórax
não é o que paralisa
O pneumotórax
marca o que se não foi
Ir e não ter
ido, ficar a meio caminho
Abaixar as
calças e mostrar a flacidez do órgão
Vomitar ainda
canções de protesto
Voar e
despedaçar-se... fim!