segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Infância




Umbigo, umbilical, corte
O que falta e nos empurra: a
                            realidade
Superfície, espelho, imagem
As bordas do desejo, ato
A aproximação pelo outro
Figura vampiresca, vítima
O sangue fresco sugado em noites de
                                             insônia
As portas dos jardins abertas
Os abetos de onde caem pingos
D’água, tempos de chuvas rápidas
As marcas de uma época onde
O leite era sorvido do peito
e outras mãos acariciavam seu rosto
O pântano de onde emergem monstros
Retratos do jamais pensado o
Corpo fragmentado, restos de
                                    ilusão
A pólvora um dia seca e agora
molhada – um estopim que não se
acende – explosões internas
As labaredas do maçarico mecânico
queimando pedaços de metal
Buracos que encontramos pelo
caminho – saltos necessários sobre o
                                            abismo
Onde
o canto magistral de certos pássaros
A água corrente de rios lépidos
O favo mel habitação abelhas
Quando
o soar de uma era sempre prevista
o retorno da mulher amada
o alimento caliente na barriga
Por que
as vantagens nunca recebidas
os anos dourados que nunca retornam
Uma dor de cabeça constante
Quem
para enxugar um pranto alheio
para evitar o caos iminente
pos amaria além do jardim
O pacto sangrento um dia
                     estabelecido
A dor, a náusea, o sofrimento
As querelas travadas entre
                            homens
A paz por tanto tempo ignorada

Nenhum comentário:

Postar um comentário