I
1
Mundo caótico,
pessoas nervosas
Clamam por
justiça em lutas honrosas
Há tanto tempo
esperando o Messias
E a ninguém
escapa desejos de honrarias
E por qualquer
Um eles tolos clamavam.
2
De pais com senso
metafísico ele não nasceu
Nem em berço
de ouro seu corpo flácido bateu
Seus pais
tinham sonho, isso é verdade
Mas com pés
grudados tempo todo na realidade
Para muito
além da barriga cheia não pensavam.
3
Tratado foi
como mais um a surgir
Uma boca a mais
para o pão repartir
Primogênito
não ser nem caçula seria
Não contavam
seus pais quantos filhos havia
Nem mesmo seus
nomes importavam.
4
Alegria então
ele não trouxe consigo
Sua presença
quase que era um castigo
Mas que culpa
tinha ele em sua aparição
Se seus pais
do processo sem compreensão?
Nem mesmo do
prazer que por instantes gozavam.
5
Criado pelos
irmãos e quase longe da mãe
(e falta aqui
algo que realmente rime com mãe!)
Ele cresceu em
meio a faltas e pedidos
Dali donde
nunca saem aqueles vencidos
Somente
aqueles que de lutar não deixavam.
6
Mandado à
escola foi e tentou aprender
O ABC e tudo
mais que lhe pudesse render
Mas com o
tempo o trabalho também o esperava
E trabalhar e
estudar aquilo claro o cansava
E por isso ele
e os pais de raiva choravam.
7
Mas não foi em
vão que manteve certo hábito
Embora ás
vezes lhe atingisse o látego
De ler pedaços
de papel escrito
Embora isso
para seu pai fosse proscrito
As letras
frente a seus olhos dançavam.
8
A pobreza
reinava eterna naquela casa
E dores sentiam
como fogo em brasa
O trabalho
árduo marcas no corpo fazia
E na terra por
perto gente jazia
Que há muito
suas vidas findaram.
9
Cada filho que
nascia era-lhes um peso
A nenhum
esperava um canto de desejo
Mas como parar
tal cria não sabia
A mãe que sobre
tudo aquilo desconhecia
E os filhos
lançados à sorte ficavam.
10
Com eles as
coisas não foram diferentes
Não teriam
agora seus pais uns repentes
De mudar suas
vidas por atender àquele
Que seria como
um outro, sentindo na pele
A fome e o
abandono que sem dó queimavam.
11
Quando do
útero da mãe foi cuspido
Com sangue
junto ele foi vertido
E nos olhos
daquela podia se ver
Para aqueles
que isso pudessem ler
Lágrimas de
dor esperança que assomavam.
12
O que ela nele
no momento pressentiu
Em nenhum
outro filho perceber conseguiu
Um brilho
diferente em seu olhar
Que a levava
àquele filho mais amar
E suas dores
ainda mais fortes bradavam.
13
Criança tentou
ser o mais normal possível
O quanto pode
ser em situação tão sofrível
Pois em tudo
que podia não era atendido
Seu desejo
tempo todo corrompido
Com as
respostas que os outros a ele davam.
14
E embora
franzino e sempre com fome
E sem dormir
como outra criança dorme
Aprendeu com
facilidade a reconhecer
O alfabeto e
portanto letras ler
Estórias que
logo no começo a ele agradavam.
E vemos ele da
latência passando
E corpo firme
e voz grossa adotando
Aprendendo o
máximo necessário
Para sair
daquele maldito calvário
Em que ele e
os irmãos ainda se encontravam.
16
Cresceu forte
e a vida dos pais ajudou
E ajudando a
si mesmo prosperou
Não em
dinheiro, que no entanto tinham
O suficiente
para despesas que lhe convinham
E por melhor
sorte a ele todos rezavam.
17
Deixamo-lo em
pensamentos perdidos
Que para seus
pais um tanto atrevidos
De mudar-se e
ir para outro lugar
Pois coisas
diferentes pretendia estudar
Mundos que
sabia por ele ainda esperavam.
II
1
Planos já
tinha ele em como fazer
Lugar para
morar, dinheiro com que viver
Precisava
também imediatamente
De um curso
que o deixasse contente
Que de alguma
forma pudesse levá-lo ao céu.
2
Previa duras
lutas ter que travar
Conquistando,
poderia montar seu lugar
Entre aqueles
que um dia podem sorrir
E terminado
tudo poderia partir
E poder viver
a vida entre flores e mel.
3
Sonhava ele
com isso demasiado?
Não percebia ao
seu redor mundo irado?
Tinha os olhos
fechados para a situação?
Que poderia
facilmente ser levado de roldão?
Que poderia
não suportar as rodas do carrossel?
4
Do que queria
desistiria jamais
Foi quando leu
notícia nos jornais
De como
poderia a seu curso aceder
Só teria que
um texto escrever
Seu nome
assinar em pedaço de papel.
5
Já instalado
em quarto pouco confortável
Com gente por
perto pouco amável
Com emprego e
dinheiro suficiente
Sua vida
parecia correr diferente
Mas não
chegaria a fazer muito escarcéu.
6
Escolhido seu
curso e sua faculdade
Prestou exames
requeridos sem dificuldade
Esperando
pelos resultados pouco ansioso
Mas no dia de
saber um tanto nervoso
Porem a
resposta vinda não lhe foi cruel.
7
Matrícula
feita, primeiro dia de aula
Diferenças
percebidas de qualquer outra escola
Que ele antes
encarava como lugar de fuga
De uma
situação onde não obtinha qualquer ajuda
Onde
geralmente se colocava na posição de réu.
8
Digamos já a
que curso ele atreveu-se
No qual com
razão nas aulas perdeu-se
Pois Filosofia
de todos exigia um esforço
E livros e
tempo e dinheiro em colosso
E deixou
sentir na boca o gosto de fel.
9
Mas ele
prosseguia, isolado dos outros
Sentia que dos
colegas eram poucos
Que dele
gostavam e pediam conversa
Mas mesmo com
esses ele tergiversa
E sobre sua
vida deixa cair um veu.
10
A Filosofia
preenchia agora boa parte
De seu dia,
que passava entre Sartre
Kant, Marx e
outros que lia
E com seu
trabalho na oficina repartia
A alguém que
atendia pelo nome Coronel.
11
Passaram dias,
meses também passaram
E ele lê,
questiona e os colegas mudaram
Chegaram-se
mais a ele, com atenção
Pois com seu
esforço criou admiração
Que agora, ao
passar, tiravam-lhe o chapéu.
12
E leva seu
curso por ano com fim marcado
O diploma, não
escondeu ele, era esperado
Não se
cansava, lutava por seu ideal
A Filosofia
moldava agora seu social
Que não
estranha se um dia chegar a Nobel.
III
1
Sentando em
sua mesa no salão de festa
Ouve
desatadamente música tocando
Contando da
noite a hora que resta
Para sozinho poder
ir andando
E aquela noite
terminar sem ter que fingir.
2
Fingia
alegria, honra e orgulho
Para todos os
próximos de fala alegre
Mas pensava:
“como isso tudo engulo
Quando por
dentro meu sangue ferve?”
Como gordura
em chapa quente a frigir.
3
Terminara seu
curso, recebia diploma
Descansava
algum tempo antes de continuar
Querer se
reconhecido como quem leciona
Ou mesmo
muitos livros poder publicar
Sua vida de
pensador ter que prosseguir.
4
O que o
entristecia era de seus pais
De sua terra e
de seus irmãos a lembrança
Ele ali
cercado de luxo e tudo o mais
E seu cálculo
se colocado em balança
Penderia para
o lado que o levava a partir.
5
E a festa que
nunca termina, escrota
Ele de um
canto ouve voz agradável
Um convite que
lhe faz uma garota
Dançar com ela
na noite interminável
Ele,
assustado, consegue apenas sorrir.
6
Ela insiste e
ele a reconhece
Não
conversavam muito, turmas diferentes
Mas eis que
uma aproximação acontece
E como a vida
tem lá seus repentes
A dois
desiguais consegue assim unir.
7
Naquela noite
que agora parecia curta
Ela o fez
deixar de lado a tristeza
Como quem dele
os sentimentos furta
E o leva a
afastar-se de sua mesa
E fazê-lo o
restante da festa curtir.
8
Como não
conheceu antes tal pessoa?
Sim,
conheceu-a, mas não a notou
E agora em seu
ouvido sua voz ressoa
E seu rosto no
dela ele colou
Fazendo o que
nunca sentiu agora sentir.
9
Terminado o
baile, despediram-se os dois
Cansados e
felizes um beijo trocaram
Com promessa
sincera de encontro depois
E abraçados um
pouco ainda demoraram
Como se ainda
um resto tentassem suprir.
10
Não foi à toa
aquela noitada toda
Não era um
sentimento falso o demonstrado
Antes que o
coração de ambos exploda
Resolve dela
jamais ficar separado
O que fazer
agora que não se divertir?
11
E nesse
envolvimento todo ele esquece
Dos pais, da
cidade e de quase tudo mais
Ainda que esse
estado um pouco o apresse
A sua carreira
poder terminar em paz
E para o mundo
finalmente poder sair.
IV
1
Casa, filhos,
cachorro, quintal
Tempos em que
talvez mais lazer que pensar
Eis aqui nosso
filósofo fulano de tal
Que no entanto
não se cansou de trabalhar
Pois a
Filosofia ainda é sua paixão.
2
Agora vivendo
com a mulher que escolheu
Não pensa ter
a “outra” traído assim
Nem mesmo seu
velho ideal morreu
Nem sua
epopeia tem chegado ao fim
Não tem ele
ainda cumprido sua missão.
3
Dá grande
atenção à esposa e aos filhos
Dividindo com
o ensino na Universidade
Lá ele
consegue status e brilhos
Cá manter viva
certa realidade
Que não lhe
mostre totalmente sua frustração.
4
Já o encontramos
novamente questionando-se
Sobre seu
passado, presente e futuro
Por que, pensa
ele, continuar humilhando-se
Sendo por
todos pregado a um muro?
Quando logo
começará a perder a razão.
5
Não sente na
família ambiente propício
Para seus
problemas poder enfrentar
Mergulhar em
pensamentos é-lhe um suplício
Como dói-lhe a
cabeça quando tenta pensar!
Não reconhece
mais o que lhe causa tesão.
6
Anda um tanto
alheio do mundo
Mesmo quando
seus pais tem morrido
Ele,
trancou-se em casa iracundo,
E ali ficou,
sem ir ao enterro, decidido
Cansado,
culpado, dilacerado o coração.
7
Culpado, sim,
passou a reconhecer
A si mesmo
como tendo falhado
Falhou com
pais e irmãos, que o viram nascer
Falhou com a
família com quem agora casado
Não cumpriu em
nenhum momento sua função.
8
Pensando,
pensando frente a que boquiaberto
Como o caminho
de sua vida tem sempre
Seguido
errado, jamais dado alguma vez certo
O que
corrompe, corrói sua cansada mente
Deixando seu
organismo todo em tensão.
9
Fuma muito e
quando bebe sofre
A que estado
chegou, tão deplorável
Muitas vezes
buscou a arma no cofre
Para um ato
que julgou questionável
Adiando para
outra vez tal solução.
10
“Onde eu
falho, em que não posso valer?”
Sua mulher
pergunta a ele, penalizada
Ele não a
culpa, mas a faz sofrer
Em algo que
pode dar e tão cobrada
Por marido e
pai, a sua atenção.
11
Não consegue
mais de todo saber que adquiriu
Encontrar
forma boa de poder transmitir
Pensa que aí a
muitos ele feriu
Ao tentar de
mentes jovens conhecimentos parir
E o que sabe e
ensina não sai da ficção.
12
Pensa ter
aportado ao ponto significante
Onde o saber
consegue sobre a terra agir
E sua mente,
qual pássaro flutuante,
Resolve-se,
incrédulo, novamente partir
Em busca,
sempre, de uma nova atração.
V
1
Não encontra
mais os velhos amigos
Que um dia
deixara em sua terra
Nem mesmo
aqueles que um dia perdidos
Num canto por
um pedido de ajuda berra
Desesperado
quanto a sua existência.
2
Ele mesmo,
agora em sua causa
Buscaria deles
para seu estado sem remédio
Para seu
sofrimento obscura sem pausa
Encontrar nos
velhos amigos o fim do seu tédio
Suprir, com o
passado, sua prologada carência.
3
Mas os antigos
amigos há muito mortos
Tantos anos
passados sem reconhecimento
O corpo
vergado, os olhos tortos
Tombados pela
dor e pelo sofrimento
Sem recurso,
esperança ou paciência.
4
Morreram como
seus pais tem morrido
E a velha
cidade em que um dia nasceu
Mudara,
perdera nele todo seu sentido
Já não
reconhece o canto em que cresceu
E sente que
perdeu parte de sua essência.
5
Volta em visita
ao colégio em que estudara
De onde um dia
pensou conseguir
Um futuro
grandioso, com que sonhara
Que o levou,
iludido, para dali partir
Em busca do
que?, da valiosa sapiência.
6
Ficara em um
hotel por alguns dias
Pensando em um
novo caminho de opção
Analisava de
seu conteúdo suas crias
Amaldiçoadas
por uma incontrolável paixão
Preferiu uma
vez da simplicidade a eloquência.
7
Não poderia
abandonar seus velhos projetos
Quisesse ou
não, sua vida estava ainda presa
Não poderia
sobreviver, ir por caminhos retos
Nem mesmo
pressentir aonde o fim chega
Abrigando-se
com sua adquirida experiência.
8
Soube
aprender, no sofrimento inclusive
Partiu,
iludiu-se, fez fama e voltou
Se agora seu
passado todo revive
Se sua
vergonha, sentida, que o corou
Não pode prosseguir
com toda essa violência.
9
Mas o que
fazer, procurar quais elementos
Em que
engajamento, em que luta
Perseguir
ideais, de sua mente fermentos
Usar de teoria
e prática na labuta
Lutar e
pensar, sem abandonar coerência.
10
Eis o non
sense de todo filósofo
Nele
impregnado, criando vermes
De um corpo
que segue no campo lógico
Mas não quer
seus músculos quase inermes
Mas sim
colocar sabedoria na aparência.
11
Pegar em
armas, talvez lavrar o campo
Invadir
fábricas, destruir máquinas
Do ideológico
sentido limpar o ranço
Da emoção
contabilizar as lágrimas
Dos
manuscritos filosóficos gerar potência.
12
Preso na
cidade, no banco da praça
Pensa ter
encontrado agora seu caminho
Movimentar
todo o povo, seja na raça
Na estupidez,
na violência, outro carinho
Começou seus
planos colocar em vigência.
VI
1
Assim, montado em romantismo
impensado
De que campo de luta cabe a
mudança
Como se lá muito tempo esperado
Ele no meio do ignato povo se
lança
Não sabendo ainda onde cabe a Filosofia.
2
Não se pode perceber onde começa
Sua dúvida quanto a esta divisão
Do que na força o saber impeça
A cada douto uma douta revolução
De não ficar somente na fraseologia.
3
Tomada sua
decisão ele então parte
A pregar suas
ideias em fazendas, sindicatos
Mas,
reconhece, o discurso nunca foi sua arte
E como sempre
são recebidos os novatos
A cada frase
sua o povo, de escárnio, sorria.
4
E por cidades
vizinhas começou a fazer fama
Mas não como
ideólogo, sábio ou profeta
E sim como um
obscuro que verte chama
E assusta quem
já tem por certo uma meta
E não
conseguem ver nele lances de sabedoria.
5
Mas alguns
poucos sentindo-se atingidos
Por seu
discurso contra a opressão do povo
Justamente
aqueles que mostram afetos fingidos
Que vivem, não
do honesto, mas sim do logro
Que alimentam
um estado de coisas, ideologia.
6
Espalham sobre
a todo canto maldizeres
Que ele não
tem mente e nem corpo são
Que tem
relações, onde consegue saberes
Que não são
terrenos, mas do mais fundo do chão
Que pratica,
sendo mestre em feitiçaria.
7
O povo, longe
de acreditar em quem
Uma saída
oferece para sua pobreza
As ideias de
seus próprios opressores seguem
E agora, sem
pensar, sob ideias de vileza
Pela paixão,
não pela razão, diz a psicologia.
8
E o filósofo,
agora levado de corpo e alma
Cumprida sua missão
tempo todo pensa
E por
instante, em um canto, acalma
Sua língua,
sua mente, da palavra densa
E volta, de
repente, a uma certa simbologia.
9
Mas o
populacho, já investido de vil ideia
Procura-o, não
o parando nem o cansaço
Monte aqui e
ali, clemente de plateia
Para o que
pode vir, onde não existe carrasco
No momento em
que se deixa carcaça vazia.
10
Sabendo da perseguição
de que era vítima
Ele planeja
deixar rapidamente o lugar
Mas presa do
medo, uma seguidora caríssima
O representante
da turba alcança por avisar
Donde e para
onde o perseguido fugia.
11
Para ele então
não há mais escapatória
É encontrado e
para a cidade levado
E protegido
daquele povo que canta vitória
E na prisão é
jogado e amarrado
Esperando que não
lhe venha nunca companhia.
12
Ali é deixado
por noites em escuridão
Não sabendo o
que a ele ocorreria
O que pode um
povo tomado pela paixão
O que da justiça
certamente não aceitaria
E tentaria
agir como um bárbaro agiria.
VII
1
Há um momento
na vida do homem
Em que em tudo
perde as esperanças
Em que de seu
corpo suas forças somem
E em sua mente
não sobram nem lembranças
Restando na
garganta apenas um grito de lamento.
2
Ele tentou de
todas as maneiras suas ideias
Para o bem
comum colocar em prática
Até mesmo
abandonou suas concepções ateias
Deixando uma
vida por vereda errática
Para cair
indefeso nesse completo sofrimento.
3
Qual é agora
sua missão a cumprir?
Já tentou de
tudo sem resultado algum
Para a morte
ele consegue agora até sorrir
Não vendo no
ódio do povo mal nenhum
E parece
tentar-lhe essa ideia o pensamento.
4
É que não percebe
o perigo que se lhe aproxima
Pois o povo, não
sabendo por que, pede vingança
E alguns,
armados de paus e pedras, sobem a colina
E um brado ao
vigia de longe se lança
Um pedido, ele
fez-se ouvir, para um linchamento.
5
Longe de
receber proteção, a que de direito
Ele é deixado
sozinho à sua própria defesa
E a um homem
que algum dia deveu-se repeito
Nem da própria
vida agora tem certeza
Frente ao
desejo daquele povo pachorrento.
6
E dali é ele
levado, amarrado pelas mãos
Para um canto
do morro, de todos à vista
Seu corpo
indiferente aos buracos e vãos
O chão com
sangue derramado risca
E marcando
pontos de morte com seu excremento.
7
Chegados aos
pés de uma árvore alta
Nó pronto
desde noite passada em corda
Ao povo pouca
coragem não falta
Nem mesmo
compreensão que surgisse à borda
E da consciência
surgisse como fermento.
8
Não, eram
pessoas que estavam ali alucinadas
Esperando ver
momento de pura diversão
Nem motivo tinha
para estarem irados
E disso nem e
nem ninguém veria compreensão
Apenas um
ressonar de cão barulhento.
9
E fechou os
olhos e deixou-se ser conduzido
Colocada em
seu pescoço corda assassina
E ainda deram
chance de um último pedido
Há alguns a
quem a tradição fascina
E agiram
livres de qualquer arrependimento.
10
O pedido dele
foi anotado e aceito
O que queria é
que sua história
Dos horrores
que sofreu, que lhe haviam feito
Jamais
perdesse um campo de memória
Em quem a
ouvisse brotasse forte o sentimento.
11
Retirado o
banco quando líder deu ordem
Seu corpo
inerte ao sabor da brisa
E mente e
espírito para os campos correm
E seu rosto,
para os que o olham, frisa
Que daquela
morte ninguém estava isento.
12
Que coisa tão
inútil uma morte assim
Inutilidade maior
ainda uma vida perdida
Que agora nem
sangue pinga sobre o capim
Nem com seu
sumiço deixa gente sentida
Um fim triste,
vazio, em dia friorento.
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