terça-feira, 9 de julho de 2013

A luta pelo desejo



É preciso latir para fazer-se ouvir
E morder para que sintam nosso drama
Se não nos escutam, firamos seus ouvidos
Com palavras ásperas nascidas em fogo
É preciso saber destruir o que nos convém
Para aceder ao que por todos é assediado
Morrer e reviver em cantos escuros
Para poder dizer-se bem vivido
O que nos incutem deve ser questionado
Pois nada parece dizer-nos respeito
O que queremos, quem pode afirmar
Além de nós mesmos, os desejantes?
Não permitir que outro deseje por nós
Permitir-nos falar e gozar o buscado
Se preciso, poder morrer por ele

Elvis morreu




Elvis eu vi um dia no palco
(quem sabe em seu último show)
Estava gordo e suava ao cantar
Parecia alheio a si e ao público
Mas cantava como nunca cantou
(quem sabe seu último canto)
Elvis um dia pensou ser grande
E ele o foi nas devidas proporções
Inventou o rock e o perpetuou
A música do século vinte
Mas um dia, como todos, Elvis morreu...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Existência



Aos cinco anos de idade
Cores diversas pelos olhos passam
Nem tudo a memória guarda
O que se pode carregar pela vida
São faíscas do que fomos
Memória quão pouca e traidora!
E que nos fixa no presente
Mas o passado age em silêncio
E de tijolo em tijolo
Ergue o muro de nossa existência
Tijolos que são marcas eternas
Do que fomos e poderemos ser
Escavar, escavar a terra em volta
E não encontrar a saída
Morrer em esquecimento
Somente porque um dia nascemos