sábado, 1 de junho de 2013

Os sete guardiões



Clamem pelos sete grandiosos
Estão dormindo, eles estão?
Por que sossegados então
Se ameaças não param de surgir?
Os guardiões, velhos bêbados
Há séculos por Vima escolhidos
Não cuidam dos tesouros
E a montanha às vezes ruge
Querem seu amo, suas riquezas
Matam e morrem por ele
Por que estão dormindo os guardiões
Rima é morto e eles por um
Milagre qualquer ainda vivem
Velhos demais eles estão
Talvez cansados e surdos
E sem interesse por sua missão
A montanha ruge às vezes
Como se ela mesma, por sua vontade,
Tentasse defender seu ventre lotado
Enquanto os guardiões procuram morrer

O dragão do desejo


Vá e mata o dragão que inferna seu paraíso
Mas cuida para que ele não seja seu próprio desejo
Mata o que somente em ti é indesejável e cruel
Expõe o que de grande e de cuidado há em ti
Se o dragão resmungar e tentar seduzir-te
Como promessas de gozos eternos e jamais sentidos
Apela a teu bom senso e resigna-te à falta
Pois gozar e sofrer é pior do que não gozar
Crava na garganta da fera espada afiada
E se ele não morrer, não fuja e fica e luta
Pois o ponto fraco dele tens o dever de encontrar
Mata o dragão que te assedia com prazeres jamais vistos
Mas cuida para que não acabes matando a ti mesmo


Poemeto político



É preciso que os baixos vivam em paz
Para que os altos alcancem também sua paz
Derradeira e encobridora
É preciso o silêncio como prece aqui
Para surgir a ação como trabalho ali
É preciso pregar o bem e punir o mal
Para que máquinas não sejam quebradas
É proibido questionar o incompreensível
Mas é permitido apoiar o que não se crê
Diplomatas executam ordens superiores
E avançam contra aqueles que tudo ignoram
Os que sabem tem o poder e a razão
Os que não, contentam-se em seguir...
Não se pode esperar por mudanças
Nem se pode querer além do que se tem
É preciso aceitar e seguir vivendo...

 

Instrumentos



Cada um com seu instrumento à mão ou à boca
Ou onde ele melhor couber
O garoto perdido com a vela molhada
O ladrão esperto com chave especializada
O homem que escuta com charuto cubano
Chaplin com sua chave de apertar
Instrumentos úteis para o bem e para o mal
Consertar ou destruir, quem sabe
Instrumentos dotados de paixão
Que levam ao sexo ou à impotência
Que falam, que berram, que castram
Inventados, criados, surgidos
Instrumentos que levam à loucura